PESSOAS IMPORTANTES NA IGREJA DE JESUS
20:53Apenas Evangelho
por Flávio Santos
Considerações sobre a saudação de Paulo na carta a Filemom
Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, a você, Filemom, nosso amado cooperador, à irmã Áfia, a Arquipo, nosso companheiro de lutas, e à igreja que se reúne com você em sua casa. A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.
A carta a Filemom faz parte das quatro epístolas da prisão. Filipenses, Colossenses e Efésios são as outras. Foram escritas enquanto Paulo estava preso em Roma (Fp 4.22). Era uma prisão domiciliar. Ele estava aguardando um julgamento diante de Nero para saber o seu futuro.
Filemom é o homem a quem a carta é dirigida. É a única carta particular que temos no Novo Testamento. Foi dirigida a uma pessoa. Por ser pessoal, apresenta um tom pastoral. É a menor carta que Paulo escreveu. São 23 palavras no texto grego. É um bilhete pessoal! Mas nem por isso deixar de ser importante para a igreja. Por isso, devemos nos atentar aos ensinos dessa pequena carta.
A carta chegou às mãos de Filemom por meio Tíquico. Onésimo estava acompanhando Tíquico para ser recebido e perdoado. Onésimo é o antigo escravo de Filemon que fugiu para Roma após tê-lo prejudicado. Calvino diz que o termo prejuízo indica que Onésimo furtou algo de seu senhor. Em Roma, o escravo conheceu Paulo e se converteu a Jesus. Após a conversão é enviado ao seu antigo senhor para ser perdoado e recebido, agora como irmão.
O conteúdo da carta é um pedido de perdão e recebimento de um escravo que causou danos ao seu senhor. Mostra que novas relações podem e devem ser estabelecidas na família de Deus. A teologia da carta apresenta o poder transformador do evangelho e os resultados na vida de uma pessoa. E, em comparação, como Deus perdoa o pecador e o recebe em sua Casa. Tenney diz que “é o mais nobre quadro do sentido do perdão que é possível encontrar no Novo Testamento”. "Esta epístola apresenta um exemplo encantador e magistral do amor cristão". Lutero
O esboço da carta apresenta:
Filemon 1-3: Saudação.
Filemon 4-7: Gratidão, Oração e Elogio
Filemon 8-20: Um pedido com amor
Filemon 21-25: Uma apelação e pedidos finais
Hoje em dia as pessoas estão muito preocupadas com as organizações e com as estruturas. E estão se esquecendo das pessoas. Da importância das pessoas. Não o que elas podem fazer, mas quem elas são. Nas comunidades cristãs, essa preocupação com as estruturas, métodos e organizações têm lançado ao lado as pessoas. Há muita preocupação com a treliça e pouca preocupação com a videira.
Algumas pessoas estão presentes na saudação da carta de Paulo a Filemom: O próprio Paulo, Timóteo, Filemon, Áfia e Arquipo. São cinco nomes pessoais acompanhados de descrição. Cada descrição apresenta-nos verdades importantes sobre o amor cristão dentro da família de Deus.
Paulo, o prisioneiro de Cristo Jesus.
Paulo apresenta-se como Paulo. Isso mostra que Ele não é um homem apegado às suas credenciais. Ele não é apegado ao seu título. Afinal é um apóstolo. Em alguns momentos teve de apresentar-se como apóstolo, mas aqui, como amigo, dirige-se a um amigo. Ele é o amigo Paulo. Ela fala em tom de amor. Ele não vai dar uma ordem apostólica para Filemom receber de volta Onésimo. Vai pedir como um amigo.
Paulo diz que é um prisioneiro. Aqui é uma prisão literal. Paulo estava preso em Roma por anunciar Jesus Cristo. O termo grego para prisioneiro é “desmios” que significa “laço”. Paulo estava preso em Roma, mas, também, enlaçado em Jesus Cristo. Sendo prisioneiro por proclamar Jesus descreve-se como alguém que não media as consequências para fazer Jesus conhecido às pessoas. Paulo enfrentou naufrágios, acoites, apedrejamentos e prisões. Tudo pela honra de anunciar o nome de seu Salvador.
Paulo é de Jesus Cristo. Apesar de estar em uma prisão romana. Não diz que é um preso romano. Ele diz que é um prisioneiro de Jesus Cristo. Aqui nos ensina que ele sabe a quem pertence. Ele é de Jesus Cristo. Ele tem um Senhor. Seu laço com Jesus é um laço de amor e pertencimento.
Paulo não temia prisões no cumprimento de sua missão. Na verdade, não temia nada. Passou por açoites e naufrágios. Ele não tinha temor porque estava em Jesus e no cumprimento de sua missão. Isto é um convite para nós anunciarmos Jesus, fazermos conhecidos a Sua pessoa e a Sua obra. E, no desenvolvimento da missão, não temer nada e nem ninguém.
Timóteo, o irmão.
Timóteo é conhecido como o filho amado de Paulo. Trabalhou ao lado de Paulo pela causa do evangelho, como um filho ao lado de seu pai. Timóteo é conhecido como alguém que não está interessado nos seus próprios interesses, mas nos de Cristo. E em estando interessado nos interesses de Cristo, tem interesse sincero no bem do próximo. Fortalecendo e dando animo na fé de quem precisa. Timóteo é um homem aprovado como cooperador no trabalho do evangelho. É um homem fiel no Senhor. Timóteo é um discípulo, por isso é tão estimado por Paulo. Filipenses 4.19-23; 1 Tessalonicenses 3.2; 1 Corintios 4.17
Paulo, ao citar Timóteo, não mostra esses aspectos que faz de seu filho um homem tão valioso, diz apenas que ele é um irmão. Lembremos que essa carta tem um tom pessoal. Fala de coração para coração. E falando de coração, Timóteo é um irmão.
Isto quer dizer que Timóteo faz parte da mesma fé e da mesma família. Ele é um irmão na fé. Aqui Paulo mostra que não vê Timóteo como alguém que poderia apenas cooperar no trabalho do Evangelho, mas um irmão de caminhada. Alguém para partilhar a vida. Timóteo era um fiel trabalhador na obra. Isso era excelente para Paulo e para obra. Mas para além daquilo que ele poderia proporcionar com os seus talentos, Paulo o tinha como irmão. Uma pessoa para se relacionar.
Timóteo foi um homem que não abandonou seu pai/pastor/amigo nos dias mais difíceis. Timóteo está na prisão com Paulo. Timóteo é um homem de confiança, um irmão/filho de caminhada. A lealdade de Timóteo ao seu amigo é algo inspirador. Digno de ser imitado.
Essa descrição colabora muito para o propósito da carta. Pois convida, Filemon a receber Onésimo, não como alguém que poderia devolver a ele aquilo que roubou ou alguém simplesmente para colaborar na obra, mas como um irmão na fé.
Irmãos na fé são importantes na caminhada cristã. Precisamos valorizar as pessoas que Deus colocou ao nosso lado. Irmãos que nos momentos em que mais precisávamos estiveram ao nosso lado. Por outro lado, devemos ser pessoas leais aos nossos irmãos de caminhada. Andar junto e estar em prontidão para dar a mão e o coração.
Filemom, nosso amado cooperador.
Filemon possivelmente é um homem rico e influente. Provavelmente converteu-se ao Senhor em Colossos. Ele é o destinatário principal da carta. É ele que vai ter de demonstrar amor cristão ao receber de volta o escravo que o roubou. Filemon é apresentado por Paulo com características louváveis.
Filemon é um homem amado. Paulo usa o pronome de possessão, nosso, dizendo que ele é amado de muitas pessoas. Um homem relacional. Paulo o chama de amado porque vai pedir a ele que receba de volta um escravo que lhe causou dano. Só um homem amável pode receber e perdoar quem lhe causou prejuízo.
Filemon é um homem cooperador. Cooperador da obra de Deus. Não sabemos ao certo que tipo de cooperação ele tinha dado ao evangelho. Sabemos que era um trabalhador dedicado. Alguém que ajudava pessoas na caminhada com Jesus.
Filemon é um homem que tem uma igreja em sua casa. Em sua casa reanimava o coração dos irmãos. Ora, ele abrira a sua casa para a proclamação do Evangelho e para reanimar os que passavam por dificuldades. Ele tinha um coração aberto para a obra e para as pessoas da obra. É por isso que Paulo sabe que ele vai receber de volta Onésimo.
Existem algumas pessoas que dizem amar a obra de Deus, os eventos da igreja, a estrutura da igreja, mas não amam as pessoas. São impessoais. Paulo descreve Filemon como um homem que tinha pessoas em sua casa. Ele é um homem de relacionamentos.
Pessoas amáveis e cooperadoras da obra do Senhor são pessoas que liberaram perdão e recebem de volta pessoas que lhe fizeram mal. Precisamos entender isso na vida cristã. Precisamos abrir o nosso coração para o perdão e o recebimento de pessoas.
Áfia, a irmã.
Paulo cita uma mulher chamada Áfia. Ele diz que ela é uma irmã. Como irmã é uma discípula de Jesus. Ela faz parte da irmandade de Jesus e do apóstolo Paulo. Ela é alguém que é lembrada pelo fato ser crente.
Áfia é citada logo após Filemon. Os estudiosos dizem que Áfia é esposa de Filemom. É uma esposa exemplar. Que cuida do seu esposo. Que cuida de casa e da igreja que se reunia em seu lar. Onésimo deveria ser recebido de volta na casa de Filemon. Áfia deveria participar do processo de inclusão do antigo escravo em casa.
Arquipo vem depois de Áfia. Ele é filho de Áfia que trabalhava no evangelho. Era responsabilidade das mães educarem os filhos e ensiná-los nos caminhos do Senhor. Áfia fez isso muito bem. Seu filho se tornou um companheiro de lutas de Paulo. Um homem de Deus.
Às mulheres que estão com esse bilhete de Deus, vale à pena ser uma discípula de Jesus. Vale à pena ser uma esposa exemplar. Vale à pena ensinar os filhos nos caminhos do Senhor. Vale à pena cuidar da igreja de Jesus. Vale à pena porque a Igreja e a casa serão edificadas em Jesus.
Arquipo, o companheiro de lutas.
Arquipo, depois da saída de Epafras da igreja, se torna o pastor da igreja de Colossos. Ele é um pastor fiel. Aquele que é companheiro não somente nas vitórias, mas principalmente nas lutas. Arquipo é um pastor sensível às lutas dos amigos. Arquipo é um pastor que luta as lutas dos amigos. Arquipo é um pastor exortável. Colossenses 4.17
O ministério é cheio de lutas. Lutas emocionais, financeiras, ministeriais, estruturais e espirituais. Por isso os companheiros de lutas são importantes. Gente empática. Sensíveis aos espinhos do ministério. O ministério não é construído sobre a solidão, o andar sozinho, mas sobre o fundamento do relacionamento. Primeiro com a Pedra que é Jesus e com as pedrinhas que são as pessoas.
Gosto muito daquilo que o Ed René Kivitz diz: “Pessoas precisam de Deus. Pessoas precisam de pessoas. Principalmente companheiras de ministério. Gente para partilhar a vida, as lutas e, é claro, as vitórias.
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