por Sandro VS
Neste capitulo de Lucas os ensinos de Jesus apontam mais para o futuro no que diz respeito aos doze discípulos, ou seja, Ele está preparando-os para quando não estaria mais com eles e, consequentemente, quando teriam que ensinar a outros em nome Dele.
Não podemos perder de vista que o contexto deste capítulo vem sendo construído desde o capitulo quinze, isto é, tudo começa com uma critica dos fariseus feita a Jesus quando Ele recebe pecadores e come com eles.
Assim, fica fácil entender a razão de Jesus ter iniciado sua fala aqui ensinando sobre o perigo de induzir alguém ao pecado, pois é exatamente o que os Fariseus estavam fazendo. O ensino consiste em que na mesma medida que é impossível construir um mundo sem tentações, será triste o fim do homem que ensine outro a pecar.
A palavra “escândalo” significa literalmente a peça principal de uma arapuca, uma armadilha usada para caçar pássaros. Esta peça era o suporte que mantinha a armadilha suspensa para que o pássaro entrasse em baixo dela e assim, com a retirada brusca deste suporte, o animal fosse preso.
A pergunta que fica é: Qual então é o melhor caminho para não induzir alguém ao pecado?
A resposta é direta: “Tende cuidado de vós mesmos, se teu irmão pecar, repreende-o, se ele se arrepender, perdoa-lhe”, ou seja, o perdão é um antídoto para qualquer pecado cometido, isto é, seja cometido por nós ou contra nós, por isso o perdão deve seguir dois caminhos.
Primeiramente o perdão deve edificar o cuidado de uns para com os outros, pois esta é a razão de Jesus dizer: “tende cuidado de vós mesmos”, ou seja, “preocupem-se uns com os outros e façam o possível para livrar todos de pecar”.
Em segundo plano, mas não menos importante, o perdão deve ser desenvolvido como um hábito, pois é possível que outros tenham como hábito pecar contra nós assim como nós podemos ter como hábito pecar contra alguém, por isso Jesus acrescenta o número sete tanto ao que peca quanto ao que perdoa.
Diante de tudo o que foi ensinado sobre perdão por Jesus até aqui, talvez, o pedido feito pelos apóstolos: “aumenta nossa fé”, devesse ter dado lugar a “aumenta o nosso amor”, pois a sequencia da fala de Jesus parece propor isso.
A resposta de Jesus ao pedido da fé mostra que ela não é algo que deva ser dimensionado, isto é, que mesmo minúscula como um grão de mostarda, colocada em prática, a fé causará efeitos desproporcionais a sua extensão, revelando assim que o que importa a nós com respeito à fé não é o seu tamanho, mas sim possuí-la.
Já a proposta feita para a mudança na relação entre o senhor e seu servo a seguir, aponta para algo que só pode ser alcançado mediante um processo de amor praticado em uma vida toda.
Pois se o perdão gerado pelo amor gerar mais amor pela pratica do perdão, todos os relacionamentos seguirão o rumo do cuidado mútuo e do hábito de perdoar em amor e de amar em gratidão.
Assim, APENAS a fé simples no EVANGELHO pode desencadear em nós o poder descomunal do amor e do perdão.
Soli Deo Glória!
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