Quando se completavam os dias para que fosse elevado ao céu, ele manifestou o firme propósito de ir para Jerusalém. E enviou mensageiros à sua frente; estes foram e entraram num povoado de samaritanos para lhe preparar pousada. Mas os samaritanos não o receberam, pois viajava para Jerusalém. Quando viram isso, os discípulos Tiago e João disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir? Ele, porém, voltando-se, repreendeu-os: Vós não sabeis de que espírito sois. Pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-la. E foram para outro povoado.
Lucas 9: 51-56
por Sandro VS
Ontem um vídeo e uma imagem correram as redes sociais.
Trata-se de um vídeo em que um universitário queima, ao som de gritos de apoio, o que ele diz ser uma "Bíblia jovem" (Link do vídeo) e de uma das imagens acima onde outro jovem consome um cigarro de maconha confeccionado em uma das páginas da bíblia com a seguinte legenda: "Enfim a Bíblia serviu pra alguma coisa".
A intolerância e o abuso do direito da liberdade em todos os seguimentos da nossa sociedade não são mais uma novidade. Assim, na atual conjuntura, o que era para ser comum e, até certo ponto, natural em uma sociedade adjetivada como civilizada se tornou incomum, isto é, a tolerância e o respeito entre os civis.
Mas minha maior preocupação é com a reação dos que se dizem seguidores das escrituras zombadas a drogas e fogo.
Sei que posso ser questionado por essa minha preocupação diante de tantos textos ácidos que escrevo aqui denunciando "cristãos" inimigos da cruz, e isso com o argumento de que estaria defendendo estes "terroristas" que queimam aquilo que chamo de fundamento da minha fé.
Mas, sem ter a presunção de assumir uma posição de exemplo, quero apenas encarnar o Evangelho que insisto pregar simplesmente por que é exatamente isso que vejo o Cristo encarnando no Evangelho que prego.
Jesus ensinou seus discípulos a responder a tudo com amor, tanto quando tivessem que se posicionar contra os erros da religião como quando tivessem que se posicionar contra a intolerância dos gentios.
O texto citado acima não só mostra precisamente como os discípulos ainda estavam cheios da rivalidade e vingança alimentada pela religião vigente, como também revela ao que eles deveriam se dispor a partir do Evangelho.
João, arrogantemente, se coloca a disposição do Cristo para que, ao seu sinal, chovesse fogo do céu contra os samaritanos e faz isso, claramente, querendo imitar Elias no episódio do Antigo Testamento.
A resposta de Jesus, por mais que pareça óbvia, é tão necessária ao discípulo incendiário quanto uma advertência feita a uma criança para que não agrida outra, isto é, viviam tão plantados nos rudimentos da religião que a vida dos que davam sinais de discordância dos seus posicionamentos e dos posicionamentos de seus mestres não significava nada.
Mas o Mestre agora exige muito mais dos seus seguidores.
Responder ao inflamado descaso dos samaritanos com fogo do céu quando negaram pouso a Jesus não é a proposta do Evangelho encarnado pelo Cristo, mas a preservação da vida dos que não o querem deve ser o alvo do que entende a que Espírito agora está se associando.
Responder com fogo as atitudes inflamadas destes jovens não nos fará mais amantes das Escrituras que eles queimaram, quanto reféns da intolerância da qual queremos nos defender, mas é uma ótima oportunidade de encarnar o velho Evangelho de sempre e dar verdadeiros sinais do Espírito ao qual pertencemos.
Além do que, podem queimar quantos exemplares da Bíblia quiserem e da maneira que acharem mais ofensiva, pois nunca poderão incendiar a PALAVRA que carrego na alma e que procuro, escondido na Graça e na misericórdia do Cristo, aplicar todos os dias na minha existência!
É APENAS no EVANGELHO que não invocamos fogo do céu contra os incendiários da fé simplesmente por que sabemos a que Espírito pertencemos e que fogo nenhum pode nos afastar disso.
Soli Deo Glória!
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