João 11:14-15
por Sandro VS
O termo crer, ou uma de suas variações, pode ser encontrado pelo menos oito vezes neste capítulo e aqui está incluso em uma declaração no mínimo estranha e feita pelo próprio Jesus: "Lázaro morreu, e por vossa causa me alegro de que lá não estivesse!", isto é, o Cristo está feliz por não ter ido atender um amigo que, segundo João, Ele amava (vers. 5) e que acabou falecendo.
Mas o propósito do Evangelho é que dá o sentido a declaração, ou seja, "... para que possais crer...".
Sim! Pois não é este o propósito do Evangelho, gerar fé e fortalecê-la?
A explicação é simples, o que aumentaria mais a fé dos discípulos? Presenciarem a cura de um enfermo ou a ressurreição de um morto?
Mas o que incomoda nesta declaração do Cristo é que um Deus assim é exatamente o que não se procura.
Pois o Deus perfeito, para a maioria, é aquele que vem antes da enfermidade, isto é, é aquele que, sabendo da enfermidade, manda um aviso prévio dizendo que o indivíduo "estaria doente", mas que Deus, em Sua bondade, o curou sem que ele mesmo o soubesse. Este é o Deus que se busca.
Isto acontece porque relacionar-se com um Deus que se alegra em não vir, é apavorante! Pois o Deus das Escrituras é o Deus que sabe tudo e sabendo tudo não teme nada e não temendo nada possui liberdade.
Liberdade para deixar que processos que, por mais que pareçam estranhos como a declaração, confiram saúde à fé. Mesmo que tais processos estejam escondidos em situações ruins da nossa vida.
E o desespero está em que ao tempo que Ele sabe tudo, nós não sabemos nada, ao tempo que Ele não teme nada, nós tememos tudo, por isso não aceitamos o Deus que diz: "Lázaro morreu, e por vossa causa me alegro de que lá não estivesse!".
Mesmo que esta alegria divina se deleite no efeito da demora, ou seja, "para que possais crer!", pois todo este "atraso" divino tem como propósito, no texto, fortalecer a fé.
De maneira que a fé não se fortalece no anúncio da cura daquilo que não se sabia, mas ela se fortalece exatamente naquilo que sabemos, naquilo que nós mais que sabemos, naquilo que sabemos até demais, naquilo que sabemos até não aguentar mais saber.
As igrejas hodiernas não são preparadas para os momentos em que Deus não diz nada, ou para os momentos que diz não. Esta geração do "determine", do "tome posse", não suporta o Cristo que diz que ama e prova Seu amor, mas que se demora dois dias para vir.
Também não suporta o Cristo que se alegra quando não vem, mesmo que com isto queira fortalecê-los na fé, não admite um Jesus que, ao ouvir seus lamentos: "Se o Senhor estivesse aqui meu irmão não teria morrido", apenas responde CREIA!
Mas quem crê APENAS no EVANGELHO sabe que o silêncio do Cristo e sua alegria em não vir valem mais à fé do que se pode imaginar.
Soli Deo Glória!
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