E não somente isso, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz perseverança, e a perseverança, a experiência, e a experiência, a esperança; e a esperança não causa decepção, visto que o amor de Deus foi derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado.
Romanos 5: 3-5
por Sandro VS
Quantas vezes você já ouviu a expressão: "O QUE VALE É A MINHA EXPERIÊNCIA COM DEUS!"?
Como uma expressão não bíblica, o que ela pretende definir é que o que vale em toda a sua carreira cristã não é a garantia que vem da suficiência da cruz do Evangelho, mas sim as aventuras que você vai descobrir a partir de então, não importa quão subjetivas elas sejam. Se assim for, após a cruz, o que nos resta é uma vida de experimentos abstratos, relativos e totalmente individualistas.
O apóstolo Paulo, até aqui, apresentou não só uma raça humana pecadora e injustificável diante de um Deus Santo, como também a única justiça incontestável, vinda por meio de Cristo, e aceita por Deus, assim, o que ele descreveu até então é que na mesma medida em que este pecador precisa ser salvo, ele precisa saber por que meio isso deve acontecer.
No entanto, existem muito mais coisas que o pecador precisa saber acerca dessa justificação pela fé, pois o processo que é desencadeado a partir desta justiça conferida ao pecador arrependido é dinâmico e totalmente prático.
Assim essa justificação não pode ser uma fuga da vida, mas um caminho para que o justificado entenda o sofrimento como um aliado que agora trabalha a seu favor e não contra ele, pois não há sofrimento que nos separe de Deus, antes, as provações nos aproximam do Senhor e nos tornam mais semelhantes a Ele.
Entendemos então que o sofrimento ou tribulação constrói o caráter do justificado, pois o termo grego usado por Paulo neste texto para "experiência" traduz-se por "o caráter que foi aprovado", ou seja, sem sofrimento não existe possibilidade de nos tornarmos experientes, pois, no Evangelho, é o sofrimento que patrocina a experiência.
Portanto a experiência que o Evangelho propõe não tem nada de abstrato, relativo ou individualista, pois não há nada de imaterial, ocasional e egocêntrico no sofrimento que nos experimenta, antes, é o mesmo que torturou o Cristo até a morte, que estava decretado a Ele desde a eternidade e que incluiu todos os justificados.
Somos constantemente convocados a experimentar Deus subjetivamente. Criando revelações confusas e com prazos de validade curtos, sempre apelando aos outros para que possuam mais fé do que a exigida nas escrituras para validar tais iluminações e, se alguém desacreditar de nossa epifania, inflamos o ego e dizemos: "Foi especial a mim, eu sei o que senti e por isso validado está!".
O Evangelho da Cruz não nos convoca a viver de tais subjetividades e epifanias, mas sim a nos permitirmos ser experimentados na vida como ela se apresentar a nós para poder, a partir disso, respondermos a tudo com perseverança, caráter aprovado e esperança que não decepciona.
Quem crê APENAS no EVANGELHO não vive de experiências, mas se deixa ser experimentado.
Soli Deo Glória.
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