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PEDRAS MUDAS CAÍDAS NO CHÃO.

09:09Apenas Evangelho



Eles diziam isso para colocá-lo à prova, para terem de que o acusar. Jesus, porém, inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo. Mas, como insistissem em perguntar, ergueu-se e disse-lhes: Quem dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a atirar uma pedra nela.

João 8:6-7


por Sandro VS

Este relato das escrituras é único e muito significativo. É único por que só pode ser encontrado no Evangelho de João e, sendo encontrado neste Evangelho, é difícil encaixá-lo na seqüência narrativa do texto, e é significativo por que mostra como a religião entendia autoridade e misericórdia tão diferente de Jesus.

Os escribas e fariseus se propuseram a encontrar em Jesus uma incoerência entre seus ensinos e sua pratica, mas como não foi possível identificar tal discrepância, decidiram então montar um cenário para induzir o Cristo a cometer esta falha. O absurdo da estratégia começa com uma tocaia, ou seja, se dispuseram a espionar uma mulher que, ao que tudo indica, era conhecida por "pular a cerca" com freqüência, pois diz o texto que a trouxeram após a terem surpreendido cometendo adultério, isto é, em flagrante. 

A idéia era sagaz e muito bem arquitetada. Tudo se resume na pergunta: "Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. Na Lei, Moisés nos ordena que tais mulheres sejam apedrejadas. E tu, que dizes"? Qualquer resposta que Jesus desse, contra ou a favor, daria aos religiosos o que pretendiam, ou seja, o descrédito do Cristo diante do povo. 

O raciocínio era o seguinte: se Jesus decidisse que era necessário apedrejá-la perderia para sempre a fama de amoroso e misericordioso e ficaria constrangido ao chamar de amigo qualquer outro pecador. Se Jesus decidisse que era preciso perdoá-la, incitaria o homem a desobedecer a Lei de Moisés e seria acusado de fomentar e permitir pessoas a cometerem adultério. 

Mas Jesus, ao contrario da pecadora, nunca é pego de surpresa e diante de uma cena dramática adiciona mais dramaticidade ao espetáculo produzido pelos escribas e fariseus quando se agacha e começa a riscar o chão escrevendo com o dedo. "Agora o pegamos, vejam como está sem resposta!", pode ser o que pensaram, e assim, insistiram pela resposta. 

A resposta de Jesus é surpreendente: "Quem dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a atirar uma pedra nela", com isso, partindo dos mais velhos, todos se retiraram por não possuírem este descanso em suas consciências. 

A autoridade da religião serve apenas para punir, mas nunca para ensinar e resgatar o que infringe a lei, pois sabiam do erro da mulher e nunca se preocuparam em ajudá-la, mas, ao contrario, guardaram o conhecimento sobre seus atos ilícitos para uma ocasião oportuna. Jesus mostra que a autoridade para condenar alguém só pode vir de quem nunca cometeu um ato digno de condenação, mostrando assim, que toda a autoridade pertence a Ele. 

A religião nunca julga com misericórdia, pois está limitada a amar os iguais enquanto iguais e, assim, o dia que houver dessemelhança o amor morre junto com o condenado. Jesus revela que no Evangelho a diretriz é a misericórdia daquele que tem toda autoridade para condenar o mundo, mas que, mediante esta autoridade, decidiu amá-los até o fim. 

Na religião as pedras revelam o juízo dos homens proferindo condenação aos não iguais, mas APENAS no EVANGELHO, as mesmas pedras caem mudas no chão por não suportarem a misericórdia Daquele que pode condenar! 

Soli Deo Glória!

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