Todas as coisas são permitidas, mas nem todas são proveitosas. Todas as coisas são permitidas, mas nem todas são edificantes.
I Coríntios 10:23
por Sandro VS
Nada tem tanto poder de despistar o homem da vida proposta por Deus do que o pecado que o habita.
Paulo trata disso, muito mais objetivamente, no capítulo sete da carta aos romanos quando diz que o pecado do homem encontrou na Lei santa de Deus uma maneira de matá-lo, ou seja, "quando a lei definiu o que é santo, justo e bom para o homem mostrou a este o quão profano, perverso e mau ele era, assim, o pecado, que é inerente a todo o homem, encontrou por meio da Lei, que apontava aquilo que era inatingível para o mesmo homem, um poder de gerar morte". (trecho do post "UFA!").
Mas aqui o apóstolo mostra como este engano pode se tornar mais nocivo na medida em que o homem, despistado pelo seu pecado, se torna irresponsável diante de tanta graça e misericórdia recebida da parte de Deus em Cristo.
Por isso ele usa exemplos do Antigo Testamento para mostrar o perigo da presunção que nos torna confiados, isto é, muitos dos que viram e viveram os milagres da peregrinação no deserto foram os mesmos que murmuraram e tentaram o próprio Deus e, sendo assim, toda esta história de Israel nos aponta para um povo que desfrutou de muitos privilégios da parte de Deus, mas que sempre esteve longe de sentir-se a salvo da tentação. Portanto, estar em Cristo pela fé e saber que isto não vem de nós, mas é dom de Deus, não nos da o poder de, arrogantemente, acharmos que não há perigo em flertamos com a tentação.
O problema em questão aqui é da carne sacrificada a ídolos.
Os Coríntios tinham o seguinte pensamento: "Fomos batizados, portanto somos um com Jesus Cristo, participamos do sacramento, portanto participamos do corpo e do sangue de Cristo, estamos em Cristo e Ele está em nós, portanto estamos completamente salvos, então podemos comer carne oferecida aos ídolos sem problemas, pois não há perigo para nós".
Paulo afirma que pela liberdade da consciência conquistada em Cristo e sem que se saiba a procedência do que nos é oferecido devemos receber tudo com ações de graças, pois tudo pertence a Deus. Mas ao sermos advertidos da origem do que nos é oferecido e, principalmente, pela consciência de quem nos advertiu, e aqui se presume que o aviso parte de um irmão que ainda não pôde liberar sua consciência da ideia de que é mal comer dessa carne, para não preocupar e incomodar esse irmão devemos, por esta liberdade de consciência, nos privar de comer.
Por isso a liberdade cristã não se da apenas na responsabilidade consciente de que em Cristo podemos tudo, mas também em que no mesmo Cristo somos ensinados que nem tudo convém ou contribui, ou seja, fomos libertos das regras e normas exteriores que aformoseavam as aparências, mas que não revelam a verdade do nosso ser, mas isso também não nos da o direito de alargar a fronteira desta liberdade para satisfazer o pecado que jaz em nós em nome da Cruz.
A afirmação do "cristão" presunçoso e abusador da graça será sempre: "Fui salvo em Cristo Jesus de uma vez para sempre, posso fazer tudo o que quero!".
Mas a afirmação do cristão em processo de arrependimento sempre será: "Fui salvo em Cristo Jesus de uma vez para sempre e posso fazer tudo, mas Nele, por Ele e por meio Dele, não quero!".
É APENAS no EVANGELHO que podemos dizer às pessoas que somos livres para fazer tudo, mas não o fazemos por que em Cristo admitimos só o que é proveitoso e digno Dele.
Soli Deo Glória!
0 comentários