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PEREGRINOS DA RELIGIOSIDADE ENCONTRADOS PELA CRUZ.

11:33Apenas Evangelho

E obrigaram um homem que passava por ali, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz. Era Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo.
Marcos 15:21

por Sandro VS

Já escrevi em outro post a seguinte citação:

"Religião é toda a tentativa do homem buscar a Deus, por isso são muitas as religiões; Evangelho é Deus buscando o homem, por isso só existe um Evangelho".

Este texto é uma constatação bíblica desta verdade.

Quando um condenado era julgado e sentenciado à morte de cruz, uma excitação estranha tomava conta tanto dos soldados mais cruéis, quanto dos expectadores mais sádicos do lugar em questão, pois era um verdadeiro "show de horrores" a liturgia de tal sentença, de modo que a cruz passava logo a ser o anseio do réu, visto que a dor e a humilhação pareciam não ter fim.

Primeiro o condenado passava pelo ritual dos açoites que terminava em um total de trinta e nove deles, ou como era descrito, quarenta menos um, isto é, para não incorrer na "injustiça" de extrapolar os quarenta açoites, os soldados contavam trinta e nove, assim diminuíam o risco de, perdendo a conta, exagerar no castigo. 

Depois o réu era levado ao tribunal do julgamento e colocado no meio de quatro soldados para depois ser obrigado a carregar, nas costas e nos ombros esfolados pelos açoites, a sua própria cruz. Deveria, ele mesmo, conduzi-la ao lugar de sua crucificação, mas para que fosse mais humilhado, teria que fazê-lo pelo caminho mais longo que houvesse, assim, era levado a percorrer todas as ruas, caminhos ou atalhos que levassem ao lugar de sua morte.

Diante dele ia um soldado levando um anuncio com seu crime inscrito nele, isto como uma séria advertência para aquele que estivesse conjecturando um delito igual. Fizeram isso a Jesus que, segundo o apóstolo João, começou levando sua própria cruz (Jo. 19:17), mas que em algum momento não a pode carregar mais.

A região da Palestina era ocupada pelo Império Romano, portanto, qualquer cidadão judeu podia ser convocado, em qualquer momento, para servir ao império e isto em qualquer tipo de serviço.

Pois bem.

No caminho para o templo, a fim de observar a páscoa, vinha um judeu chamado Simão. Sua cidade é identificada como Cirene, que ficava a aproximadamente mil e duzentos quilômetros de Jerusalém. Portanto, este judeu era um peregrino que juntou economias por uma boa parte de sua vida apenas para festejar a Páscoa na cidade Santa.

Mas em certo momento se vê obrigado pela força de ocupação vigente a auxiliar um criminoso a levar seu instrumento de morte até o local dela.

Não fosse o registro importante de Marcos citado acima, nenhum sentido faria o nome de Simão constar nas escrituras.

Marcos lembra que este Simão é o pai de Alexandre e de Rufo, e não o faz com intenção de identificá-lo pelo nome de seus filhos, mas sim, com a intenção de que eles sejam bem conhecidos na comunidade para qual escreve pelo nome de seu pai. Sabe-se, quase que unanimemente, que Marcos escreveu seu Evangelho para a igreja de Roma, portanto, ao citar o nome dos dois filhos, a intenção era a de que ligassem seus nomes a alguém importante. Não obstante a isso, o apóstolo Paulo, ao escrever aos romanos, saúda Rufo e sua mãe no fim da epístola (Rom. 16-13).

Conclui-se então que na igreja romana, Rufo, filho de Simão, foi um cristão chamado de um dos escolhidos de Deus, com uma mãe que Paulo ama tanto que pode chamá-la sua mãe, portanto Simão não só se converteu, mas também instruiu a todos de Roma sobre a graça do evangelho incluindo a própria família.

Simão foi um homem religioso que sonhava com um encontro com Deus. Sonhou parte de sua vida com a viajem que significaria toda a sua busca por Deus em rituais e sacrifícios. Sonhou em realizar a ambição de sua vida, celebrar a Páscoa em Jerusalém.

Mas Deus o encontrou primeiro e deste encontro deu a ele o privilégio que jamais sonhara, ser incluído no sacrifício que da significado ao homem que é encontrado pela liturgia da cruz. 

Dentre todos os convocados a levar a sua cruz e seguir Jesus, Simão foi o único que ajudou o Salvador a levar a cruz de todos.

Foi a Jerusalém para satisfazer a sua religiosidade na esperança de encontrar Deus, mas terminou encontrado, na via dolorosa, pelo Salvador que carregava a sua cruz e que, para satisfazê-lo, ofereceu-a a ele.

É APENAS no EVANGELHO que encontramos com o Cristo e sua cruz que significará a nossa verdadeira religião.

Soli Deo Glória!

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