A evidência disto é que quando Mateus narra este incidente diz que quem fez tal pedido a Jesus foi a mãe dos discípulos e irmãos, Tiago e João, Salomé, quem sabe com a intenção de blindar a reputação dos colegas. Mas aqui Marcos, com estrema sinceridade, aponta para os dois futuros apóstolos como os solicitantes de tal privilégio, mostrando, assim, sua ambição em postular preeminência sobre os outros. 

É óbvio que eles ainda imaginavam o Reino que Jesus estava anunciando como um reino terreno e temporal, pois, ao pedirem os assentos ao lado de Jesus, pediam o cargo de ministros de tal reino. A resposta de Jesus mostra como ainda não tinham entendido de que Reino falava. A pergunta sobre beberem o mesmo cálice implica em dizer que não estavam preparados para sofrer toda a ira de Deus sobre os seus próprios pecados, e a pergunta sobre serem batizados no mesmo batismo implica em dizer que não poderiam morrer como propiciação pelos próprios pecados mesmo eles achando que poderiam. Por isso, Jesus diz a eles só beberiam do Seu cálice depois Dele o beber por eles e só depois de Seu batismo na morte propiciatória seriam batizados com Ele, mas quanto aos lugares ao Seu lado no Reino genuíno de Deus isso seria para alguém que nunca postulou tal lugar. 

A prova disto está no final do incidente, pois não demorou muito para que os outros dez discípulos buscassem uma explicação para tal pedido egoísta e antes que uma briga começasse Jesus coloca ordem em casa. 

Primeiro, refere-se a como um reino terreno e secular funciona, isto é, o seu líder é destacado pela quantidade de subalternos que possui, pois quanto mais autoridade se exerce, mais destaque se alcança. Mas, estranhamente, no Reino divino a ordem é inversa, ou seja, quanto mais destaque se conquista, mais serviço se acumula, pois no Reino de Deus quem postular ser maior mais servo se tornará. 

Então, o Cristo expõe a eles o exemplo maior do Reino ao dizer: 

"Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a vida em resgate de muitos". 

No nosso contexto, a inversão dos valores do Reino é latente, ou seja, quanto mais autoridade, mais destaque. Sugiro a alguém que busca tal honra que sofra a liturgia da cruz como consequência da ira divina sobre o seu pecado e a morte vicária como propiciação dele, mas para os que creem o exemplo já foi dado, quando, na demonstração maior de sua realeza, Cristo serviu seus súditos, pois no ápice de sua Glória Real revelou-se como servo ao entregar-se as implicações da cruz e da morte. 

Quem crê APENAS no EVANGELHO não se preocupa com lugares, pois contenta-se em apenas fazer parte. 

Soli Deo Glória!