Paulo respondeu: Quisera Deus que, por pouco ou por muito, não somente tu, mas também todos os que hoje me ouvem, se tornassem iguais a mim, com exceção destas algemas.
Atos 26:29
por Sandro VS
O capítulo vinte e seis de atos narra a audiência de Paulo perante o rei Agripa, depois de ter comparecido perante o governador Festo e apelado a César. O conteúdo do relato é uma autobiografia resumida da vida do apóstolo até aqui. Mas a partir do versículo dezenove, Paulo diz que passou por todo este processo simplesmente por que não teve como desobedecer ao chamado do Evangelho para que testemunhasse e anunciasse o arrependimento e a ressurreição.
O primeiro resultado do discurso foi uma interrupção do governador Festo acusando-o de estar delirando com as muitas letras, o que, no texto grego, se traduziria literalmente assim: “a sua devoção aos escritos está te conduzindo à loucura!”. A réplica de Paulo consiste em que a veracidade das suas palavras testemunha a favor do seu perfeito juízo.
O segundo resultado do discurso parece ser uma confissão parcial que resultaria em uma quase conversão do rei Agripa, mas o texto grego sugere outro significado às palavras do rei: “em pouco tempo queres convencer-me a me tornar igual a você?”.
O texto grego, queiram ou não, traduz a resposta de Paulo em mais ou menos isto: “Se Deus desejasse (euchomai), em pouco ou muito tempo, não só você, mas todos os que me ouvem hoje seriam gerados (genestai) assim como eu, exceto com estas algemas”.
Se assim for, o texto deixa claro que não é a biografia de Paulo que mexe com os dois homens no texto, mas o seu testemunho acerca do Evangelho. Alem disto, aponta também, que o testemunho do apóstolo nunca intencionou persuadir quem quer que seja ao caminho, mas que sempre apontou o favor soberano de Deus em operar tal conversão.
Portanto, não são histórias de conversões que geram conversões, pois para uns estas histórias podem parecer loucura e para outros persuasão (e infelizmente os “testemunheiros” de hoje criam estas impressões), mas é o Evangelho que anuncia o arrependimento e a ressurreição aliados ao favor eterno e soberano de Deus que realiza este trabalho.
Assim, acabemos hoje com esta leva de histórias do “eu que fui”, ou do “eu que fiz” para fixarmos o Evangelho da graça que anuncia o que foi feito, de uma vez por todas, em nós e por nós na história.
É APENAS no EVANGELHO que o que fomos ou o que fizemos tem menor valor diante do testemunho do que foi feito em nós para sempre.
Soli Deo Glória!
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