Paulo não tinha esta "pulga atrás da orelha" quanto à solidariedade da raça humana com relação ao pecado do primeiro homem. Para resolver o impasse, o apóstolo até concorda que sem Lei não podia haver transgressão, pois sem que haja uma ordem proibindo alguma ação, não se pode castigar alguém por alguma ação que possa tomar. Mas para Paulo o problema é que mesmo sem Lei, em Adão, o pecado já estava no mundo, portanto o homem já estava sob seu domínio e a prova disto é que mesmo sem Lei que evidenciasse o pecado dos homens, todos os que nasceram entre Adão e Moisés, período em que ainda não havia Lei, morreram como consequência do seu pecado. 

Portanto, não é só a Lei apontando o pecado comum a todos que torna todo o homem pecador diante de Deus como Adão, mas, também, o fato de que a morte originada pelo pecado de Adão alcançou, alcança e alcançará a todos do mesmo modo como o alcançou. 

Com isso em mente, o apóstolo passa a falar de vida, isto é, da dádiva que excedeu tanto o pecado, quanto a Lei. Ele afirma que Jesus ofereceu a Deus perfeita obediência e justiça, e, sendo assim, da mesma maneira em que todos os homens estão implicados no pecado de Adão, todos os que creem nesta oferta de Cristo Jesus a Deus Pai estarão implicados na justiça proveniente dela. Portanto, assim como o pecado de Adão foi a causa da morte de todos, a obediência perfeita de Jesus, que excedeu o pecado e a morte, é a causa da vida eterna doada aos que creem. O argumento final e glorioso de Paulo é que da mesma maneira que a humanidade foi solidária com o pecado Adão e, por isso, condenada à morte junto com ele, a nova vida gerada pela graça é solidária ao sacrifício de Cristo e, por isso, absolvida na justiça Dele para a vida eterna. 

O pecado de Adão vestiu a humanidade toda de tal maneira que não deixou espaço algum para uma auto-justificação diante de Deus, mas a oferta de Cristo cobriu com sobras todo o pecado humano, dando ao homem, pela Sua justiça, graça sobre graça para com Deus, significando dizer que, se o meu pecado, que é do tamanho da minha humanidade, não deixou nenhum espaço para algum ato de justiça que me absolvesse da morte, a graça que me justificou, não só excedeu toda a minha humanidade, mas também me absolveu do meu pecado de uma vez para sempre diante de Deus. 

É APENAS no EVANGELHO que encontramos a graça que gera vida excedendo todo o nosso pecado que nos sentenciaria à morte. 

Soli Deo Glória!