SAUDADES...

09:04Apenas Evangelho



por Sandro VS

A cerimônia de hoje, representa o alcance de um objetivo. Um objetivo proposto e perseguido por dezoito pessoas em quatro longos anos. 

Se comparássemos estes quatro anos a uma gestação, poderíamos dizer que hoje é o “GRANDE DIA”, o dia do nascimento, dia em que rebentamos para uma nova perspectiva, uma nova realidade, e porque não dizer, para cumprir nossa missão, pois hoje, de certa forma, nascemos para cumprir aquilo que fomos chamados para fazer antes que houvesse qualquer coisa a se aprender. 

Não há dúvidas de que cada uma destas dezoito pessoas foi preparada ao longo de todos os seus dias, mas, em especial, neste último quadriênio, portanto, na mesma medida em que tudo aquilo que aprendemos neste período depende do chamado que temos, agora, este chamado não terá sentido se abandonarmos o que assimilamos nestes quatro anos. 

De maneira que, a partir de agora, contrariar o conteúdo em nome do chamado, é o mesmo que tentar separar pensamento de fala, separar o ar do pulmão, é mutilar-se, é como separar o cérebro do corpo. 

Há quem diga que “Teoria é quando se sabe tudo, mas nada funciona. Prática é quando tudo funciona e ninguém sabe por quê”

Mas, no diz respeito ao Evangelho, conhecimento colocado em prática não deixa de ser conhecimento e prática filtrada por conhecimento não deixa de ser prática. Portanto, na boa nova da graça, saber e fazer são verbos que se conjugam juntamente. 

De maneira que aquilo que aprendemos, e aquilo que faremos, deve agora fazer parte, em certa medida, de quem somos, é como quem guarda em um lugar seguro sua certidão de nascimento para, agora, utilizar sua carteira de identidade. 

E quando começo a pensar nesta unicidade entre “teoria e prática”, forjada em nós pelo Evangelho, uma pergunta lateja em minha mente: 

Quatro anos são suficientes? Quatro anos são suficientes para assimilar todo este processo 

O que percebi é que quatro anos são suficientes para entender que, no Evangelho, tudo o que se absorve de Cristo é aplicado nas situações simples da vida, mesmo que imperceptivelmente. Por Exemplo: 

Quatro anos são suficientes para se admirar pessoas que, por amor a Cristo, já dedicaram décadas de suas vidas nesta vocação. 

Quatro anos são suficientes para se admirar pessoas que mesmo sendo mestres não tem medo de aprender. 

Quatro anos são suficientes para se admirar pessoas que, há anos, dedicam seus dias em cuidar com carinho do bem estar de outros. 

Quatro anos são suficientes para se admirar alguém que se diverte com as palavras, com as teorias, mas ao mesmo tempo semeia as certezas inabaláveis do Evangelho no coração de quem o ouve. 

Quatro anos são suficientes para se admirar pessoas que tem a capacidade de estar em qualquer outro lugar, mas que, como diz John Henry Jowett “não tem alternativa, enquanto todas as portas estão abertas permanece um chamado inconfundível, ecoando como uma imperiosa intimação do Deus Eterno”

Mais ainda, quatro anos são suficientes para se surpreender com amizades que nunca esperamos usufruir, aquelas que ultrapassam a fronteira que existe entre os momentos bons e os momentos maus, aquelas que não jogam confetes para o alto o tempo todo, mas que estão dispostas a regar o mesmo solo que o seu, com lágrimas iguais as suas.

Assim, quatro anos são suficientes para saber que um amigo é aquele que se alegra com os que se alegram e que chora com os que choram. Como já disse um pregador subversivo: “as amizades podem ate aparecer pela identificação, mas somente se firmam quando passam juntos, em lealdade e verdade, pelos dissabores do caminho”, portanto, neste período, é possível definir aqueles que são mais chegados que irmãos. 

Em resumo, quatro anos neste Seminário, aprendendo teologia, são suficientes para entender que o preço já foi pago e, por isso, agora se pode viver pacificado com Deus, consigo mesmo e com o seu irmão e à partir disto, pregar que todos os benefícios desta obra consumada, chamada Evangelho, são abstratos e inegociáveis, pois amor não se vende, fé não se empresta, paz não se compra e alegria não se aluga. 

Por isto, 

Por quatro anos dividimos, doamos e recebemos, por quatro anos destruímos e construímos à partir do que aprendemos. 

Vivemos muitas situações comuns da vida citadas pelo sábio Salomão, e em cada uma delas aprendemos o valor de um sim. e aprendemos o valor de um não. 

Guardamos segredos e fizemos confissões, para apresentar tudo a Deus, na segurança da alma por meio das orações. 

Em alguns momentos, falamos o que não devíamos, para, no mesmo instante, escutar aquilo que não queríamos. 

Nos momentos em que foi difícil decidir entre o calar ou o falar, aquele que sonda os nossos corações nos disse: “decidam apenas se amar”. 

De dezoito procuramos fazer um, para enfrentar situações que insistem em nos levar a lugar algum. 

Não restam dúvidas, de que esta é a melhor turma em 45 anos desta instituição, e não me tenham por presunçoso, eu explico a razão: 

Foi a turma que Deus juntou para chegar hoje até este fim, portanto, por uma razão simples ela é a melhor, porque é a melhor para mim. 

Isto, se explica melhor em um conselho simples de se entender: “Não queira fazer da sua turma a melhor do Seminário, faça dela apenas a melhor para você!”

Como tudo será daqui pra frente, não sei e não tenho profecias a oferecer, mas, como nestes quatro anos não tenho dúvidas, viveremos pela fé naquele que nos amou sem nenhum de nós algum dia merecer. 

A distância pode até nos apartar daqui para frente, mas nunca nos separará definitivamente. 

Pois esta turma é como um cordão de três dobras, daqueles que não se rompem facilmente.

Soli Deo Glória!

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1 comentários

  1. Precisava fazer isso sandro???
    me fez chorar novamente....Saudades e Saudades!!!

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