Somos próximo do próximo quando o amor ampara o desconhecido. Jesus mostra na parábola três personagens, um sacerdote, um levita e um samaritano. E os dois primeiros não ajudaram o que estava precisando, porque o “próximo” não fazia parte do convívio deles. Jesus fala dessas duas personagens, para mostrar que o mestre da lei era como um deles, porque para a tradição judaica para ser próximo de alguém, este precisava ser próximo da nação de Israel, ou seja, fazer parte do grupo dos sacerdotes, levitas, ou mestres da lei. Já o samaritano, que não era próximo, virou próximo porque, apenas, compadecidamente se aproximou. 

Somos próximo do próximo quando a compaixão busca o próximo que não pode retribuir a proximidade. Jesus disse que os dois religiosos passaram de largo do “próximo”, e o único que parou, parou porque moveu-se de íntima compaixão. Parou com sua viagem e afazeres. Investiu seu tempo, suas coisas, seu dinheiro e sua reputação. A compaixão de quem quer ser próximo não descreve nenhuma dó ou compaixão comum, mas, sim, uma emoção que comove um homem até às profundezas do seu ser. É a palavra mais enfática em grego para o sentimento de compaixão. 

Somos próximo do próximo quando o próximo percebe e sente que somos o próximo dele. Jesus não perguntou ao mestre da lei qual daqueles três homens entendeu que o que estava precisando de ajuda era o seu próximo, mas, qual dos três foi o próximo do que precisava. 

E a resposta do mestre da lei foi o que tinha tido misericórdia, Jesus então disse: vai e faze o mesmo. 

Mas, ainda, o mestre da lei não havia compreendido o que era mover-se de íntima compaixão, pois ele não usou a mesma palavra que Jesus utilizou para misericórdia, e nem sequer citou o nome do samaritano. 

Mas, Jesus com muita graça disse a ele, mesmo este não compreendendo nada, vá e faça o mesmo. 

Aqueles que estão necessitados precisam sentir e entender muito que nós é que somos os próximos deles, e que o nosso coração se compadece com a miséria deles. 

Quem é o meu próximo? É a pergunta da religião. Quem é o próximo do próximo? É a pergunta do Evangelho. 

Apenas no Evangelho, que somos próximos do próximo.