Ele fala que um soldado não negocia sua concentração, ou seja, uma vez que uma pessoa se alistou na milícia não pode continuar se envolvendo nos negócios comuns e cotidianos da vida. Segundo William Barclay o código romano de Teodósio dizia: 

"Proibimos aos homens arrolados no serviço militar comprometer-se com ocupações civis”. 

Ou seja, assim como um soldado é um soldado e nada mais, um cristão deve concentrar-se em seu cristianismo. 

Também usa outra figura muito comum no mundo grego, o atleta. A versão Almeida revista e corrigida traduz este versículo assim: 

“E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente”. (2Tm 2:5) 

O termo grego por “lutar legitimamente” é interessante e difícil de traduzir, sua aplicação destinava-se a diferenciar um atleta profissional de um atleta amador, ou seja, o profissional era aquele que concentrava tudo em seu esporte, que o tinha como o objetivo de vida e não como algo que só praticava nos momentos livres, como poderia ser para um amador, assim dedicava-se totalmente para alcançar a perfeição no seu esporte. 

Para Paulo ser cristão é estar disposto a aperfeiçoar seu cristianismo. 

Também usa a figura do lavrador, ainda salientando o esforço, mas agora falando também da recompensa. 

Ou seja, não se trata do lavrador ocioso, mas sim do que passa o dia trabalhando. Para Paulo é exatamente este quem deve ser o primeiro a receber sua parte dos frutos da colheita, ou seja, é o seu trabalho que lhe dá o direito de colher e desfrutar-se. 

Paulo fala que tudo isso está sendo supervisionado, ou seja, todo esse processo que um cristão tem que aplicar à sua vida está sob supervisão do próprio dono da Igreja, Jesus Cristo. Esta supervisão está garantida pelo simples fato de que Jesus não permanece morto, mas que Ele ressuscitou e vive. 

Então Paulo, para encerrar o assunto, cita um trecho de um provável hino, pois nos dias da perseguição à Igreja expressou sua fé, assim como hoje, por meio do seu canto. 

Só aquele que morre na cruz com Cristo é que desfruta de sua ressurreição, diz o louvor, assim aquele que suporta todo o sofrimento é salvo. 

A última parte revela onde tudo isso que Paulo propôs até aqui está ancorado, na FIDELIDADE de Deus, ou seja, aqueles que negligenciarem tudo isso e negarem, como fizeram alguns citados por ele no capítulo um, estarão negando o próprio Cristo e assim serão também esquecidos por Ele. Mas aqueles que perseverarem e procurarem moldar suas vidas neste projeto, mesmo que falhem em algumas tentativas, não serão esquecidos, e isto não como recompensa pelos seus esforços, mas porque Aquele que prometeu é fiel até o fim. 

Assim, Cristo não testemunhará na eternidade por alguém que negou deliberadamente viver o Evangelho, mas será fiel a qualquer um que, não importa quanto tenha falhado, buscou ser-lhe fiel. 

Assim como só existe um Deus, um Salvador e um Evangelho não existe nem pode existir um cristão só em momentos livres. 

Deus é fiel e sempre será, pois do contrário, deixaria de ser quem é. 

Portanto será sempre Deus para aquele que, mesmo falhando, busca intensamente ser fiel a Ele. 

Soli Deo Glória!