Paulo, nesta epístola, entende que chegou ao seu fim e como que passando suas armas para as mãos de Timóteo, o exorta a lutar como ele, em todo o tempo, lutou, ou seja, em tudo o que fez no seu ministério, nunca se esqueceu de que o Juiz foi Cristo, e por isto, pregou a Cristo insistentemente não perdendo uma oportunidade sequer. Aconselhou, repreendeu e exortou sempre mostrando o caminho com amor. 

Dá um alerta a Timóteo, prevendo que nos tempos seguintes a Igreja enfrentaria maior resistência, ou seja, não seria apenas resistência dos de fora, mas dos de dentro da própria Igreja. Não seriam mais a perseguição e a prisão, que forçavam as portas pelo lado de fora os maiores inimigos, mas sim uma sedução que brotaria de dentro da própria Igreja, mais precisamente do próprio púlpito. Então ele aconselha Timóteo a ser, assim como ele mesmo foi, em tudo moderado, ou seja, "aconselhe quando a situação pedir conselhos; repreenda quando a situação pedir repreensão e exorte quando a situação pedir exortação". 

Então Paulo se despede, caso a esperança de ver Timóteo falhe. 

"Minha vida", diz Paulo, "chegou ao momento em que deve ser sacrificada". A palavra que Paulo utiliza aqui para "sacrificada" literalmente significa derrubar como uma libação para os deuses, ou seja, em muitos rituais religiosos se derramavam líquidos de origem orgânica (vinho, óleo, leite, etc.) como oferenda para a divindade. É como se Paulo dissesse: "O dia terminou, é hora de levantar e ir, pois minha vida deve ser oferecida como um sacrifício a Deus". 

Desde que se converteu, Paulo dedicou tudo a Deus, seu dinheiro, sua erudição, sua força, seu tempo, o vigor de seu corpo, a clareza de sua mente e até o seu coração, só estava faltando uma coisa, a própria vida. Paulo queria entregá-la com alegria. 

A palavra que ele se utiliza para "partida" é rica em significados e aplicações, por exemplo, descreve a ação de desprender um animal da canga de um carro ou de um arado, ou seja, era o tão aguardado descanso do trabalho de seu apostolado, significa também deixar soltas as algemas ou as cadeias, ou seja, a morte para Paulo não era só uma libertação, mas também um alívio por saber que nunca mais iria enfrentar as prisões e por fim tem um significado que parece combinar mais com Paulo, significava afrouxar as amarras de uma tenda para recolhê-la e levantar acampamento. 

Foram três viagens registradas e muitas caminhadas dentre estas viagens, além do que, era seu oficio fabricar tendas, então Paulo vê aqui a última vez que se prepararia para uma viagem. Agora estava começando sua última e grandiosa viagem. Iria encontrar o fim do caminho que o encontrou no caminho de Damasco, Cristo! O tão, por ele, anunciado como único caminho que leva a Deus. 

Nas palavras de William Barclay seria o seguinte: 

“De modo que para o cristão, morrer é deixar uma carga para descansar. É romper as cadeias e sentir-se livre. É levantar acampamento para tomar residência nos lugares celestiais. Quem temerá esta morte então?”. 

Portanto, saibam todos, onde existe ressurreição a morte deixa de ser assunto.