ME CONHECENDO EM QUEM ME CONHECE.

10:48Apenas Evangelho


Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no ventre de minha mãe. Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste, as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos me viram a substância ainda informe e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.
Salmo 139:13-16


Por Sandro VS

O livro dos Salmos é realmente uma pérola da literatura mundial, isto porque além de registrar um dos estilos literários mais antigos da história, também exprime de modo único toda a existência humana nas suas mais diversas situações. Tanto este registro quanto esta vivacidade que os Salmos alcançam se deve ao gênero literário em que foram escritos, A Poesia Hebraica. 

Os Salmos foram escritos por indivíduos comuns e, geralmente, em resposta a uma de suas experiências pessoais ou coletivas, portanto não estaríamos tão errados se o chamássemos de livro das orações, pois estão cheios de confissões da alma e verdades do coração humano. Estão tão recheados de sinceridade que ao mesmo tempo em que falam de amor falam de ódio. Sendo assim os salmos não poupam nenhum tipo de exteriorização de sentimento humano e fazem mais, transformam todo este sentimento em oração. E não há uma preocupação de se estar doutrinariamente correto ou não, pois onde se consentiria que uma oração tão maravilhosa quanto esta terminasse de um modo tão amaldiçoador? 

Na sua maioria, os salmistas, sabiam que a única forma de converter ódio em amor era confessando, por isso abriam a alma e oravam sem meias palavras, mas com total sinceridade. 

Especificamente aqui o salmista fala de dois extraordinários atributos de Deus, a Sua onipresença e a Sua onisciência. Ao falar da onisciência divina ele comenta sobre sua experiência relacional com o Senhor, ou seja, que o Senhor o examina e por isso o conhece, sabe da sua inércia, do seu descanso assim como sabe e conhece todos os seus movimentos por isso nenhum caminho seu Lhe é oculto. 

Ao falar da onipresença ele passa a relatar sua experiência individual, ou seja, o vínculo é tão íntimo que não existe lugar, espaço ou ambiente onde ele possa estar que o deixe longe do Senhor, seja nos ares ou nas profundezas, na extremidade da terra onde o sol nasce ou na outra onde se põe ou até onde a luz é impenetrável o Senhor o vê, visto que para Deus luz e trevas são iguais. 

E com uma inspiração fora do comum ele continua: 

“O modo como eu fui concebido e formado no ventre da minha mãe é assombrosamente admirável, por isso eu te louvo, quando, com o maior capricho, os meus ossos foram formados e compostos no útero materno eles não te eram segredo, e mesmo antes disso, quando nem ossada, esqueleto ou forma havia os Teus olhos já me contemplavam”

Alguns interpretam estas palavras como gratidão pela perfeição corporal, ou seja, gratidão pela ausência de deficiências ou enfermidades. O argumento destes é que este Salmo foi escrito por Davi e não existem registros de que o grande Rei de Israel sofresse com alguma deficiência ou enfermidade preexistente. Mas este salmo não fala de gratidão neste sentido e a autoria é discutível, por que esta é a última sessão de salmos e na sua maioria estes salmos são datados depois do exílio devido a sua constituição fortemente influenciada por outros idiomas e dialetos deixando-o muito diferente do hebraico primitivo. 

Não digo isto para colocar dúvida sobre a autoria do salmo por que tanto faz quem escreveu, pois é o Salmo do coração. 

É a confissão de alguém que entendeu que a vida se forma e acontece na presença de Deus, portanto é a simples gratidão de ser quem se é. 

E o discernimento de que o Deus com quem temos de ter um relacionamento tem um conhecimento perfeito de nós, de todos os movimentos e ações, tanto do nosso interior como do nosso exterior e tudo isto esta absolutamente claro diante Dele e sendo assim podemos confiar que todos os momentos de nossas vidas, por mais que nos surpreendam, não serão surpreendentes a Ele, ao contrário, se cada pedacinho nosso foi idealizado por Ele, não existe nada que Ele não conheça e que não saiba sobre nós. 

Isto é segurança. 

Soli Deo Glória!


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