Não obstante a este fato, com uma simples leitura da carta, logo se percebe que, apesar do seu indiscutível caráter pessoal ou pastoral, há uma importância que vai além destas esferas, ou seja, há também o que se pode chamar de um significado eclesiástico nela, assim o principal interesse nesta carta desde que foi escrita está em que nela se acha um quadro do início da Igreja como em nenhum outro lugar. 

Por exemplo, apresenta dentro do contexto histórico e cultural da época, a postura necessária das mulheres que frequentavam a Igreja, salienta o cuidado que a Igreja deveria ter com as viúvas e os idosos, aponta os deveres daqueles que eram servos e delimita a conduta e os deveres dos que lideravam a igreja, presbíteros e diáconos.

Mas ao evidenciar o comprometimento entre a verdade do Evangelho e a Igreja, o apóstolo escreve duas palavras que, no grego, possuem traduções muito parecidas, mas suas aplicações são muito diferentes.

Para coluna ele usa stylos que significa pilar em forma de estátua, um exemplo clássico do que Paulo se refere aqui é o grande templo de Diana, em Éfeso, onde havia cento e vinte e sete colunas, cada uma delas presente de um rei, todas em mármore e com pedras preciosas encravadas. A intenção deste tipo de coluna era que, mesmo à distância, já fosse possível contemplar a beleza do edifício.

Para alicerce (baluarte) ele usa hedraioma que significa o sustento de um edifício que o mantém em equilíbrio, ou seja, o fundamento que o mantém de pé.

Assim, a primeira sugere que a igreja deve apresentar a verdade a fim de que todos a vejam, a segunda significa que em um mundo que não deseja enfrentar a verdade existe uma Igreja que sustenta a verdade.

Portanto, a exortação de Paulo consiste em que é o dever da Igreja não só apoiar, sustentar a verdade, mas também levantar a verdade como um adorno, de tal forma que todos a vejam, por isto o cumprimento do propósito da Igreja, segundo o Evangelho, não depende da força política, religiosa ou intelectual de quem quer que seja, mas sim, do compromisso da Igreja de não só de manter a verdade, mas também apresentá-la a qualquer custo.

Como Igreja fazemos isto todos os dias, não só nos dias de culto. Sustentamos a verdade e a anunciamos, quando a vivemos. Como templos vivos e ambulantes, temos que apoiar e anunciar a verdade pela qual fomos conquistados.

O assunto da Igreja é a verdade, a verdade do Evangelho, Apenas Evangelho.

Soli Deo Glória!